segunda-feira, 19 de novembro de 2012

carta da filha de um policial....

Carta Da Filha De Um Policial Militar Para Os Governadores Dos Estados




* Esther Soares
Senhor governador, venho através deste texto com todo respeito expressar o que eu sinto neste exato momento por ser filha de um policial militar, na realidade nem sei se estou sentindo MEDO ou ainda o mesmo ORGULHO de dizer que o meu pai é policial, mais acho que agora o sentimento maior infelizmente é o MEDO. Medo de que por isso me olhem com maus olhos, com maldade, ou até mesmo tentarem fazer algum mau a mim, meu irmão ou minha mãe, apenas para poder prejudicar o meu pai, para mim um super herói que só está fazendo o seu trabalho, cumprindo seu dever, mas reconheço que ele não tem super poderes e a qualquer momento pode ser morto por um MARGINAL, BANDIDO (que provavelmente será protegido pelos direitos humanos, e pela lei do nosso país que infelizmente ajuda esses marginais).

Não sei se quando o senhor era criança, tinha alguém na sua família que fosse PM, se por acaso teve deve imaginar a angustia que eu e minha família sentimos ao ver meu pai botando sua farda e saindo para trabalhar, acredite se quiser que apesar de todo esse número de policiais que foram mortos ele ainda sai orgulhoso de casa por estar indo cumprir seu dever em prol da sociedade. Até mesmo na escola tem filhos de marginais que me olham torto por que sabem que sou filha de PM, isso não é nem um pouco seguro e muito menos legal, até porque quem sabe façam o mesmo com meu irmão que tem apenas 8 anos (eu tenho 12).

Senhor governador do estado, peço ao senhor que pense bem antes de ir na televisão falar que são casos isolados e que o estado tem controle sobre isso, pode até ser que o senhor fale para acalmar a população que clama por ajuda, por justiça, mas eu, o senhor e todos nós sabemos que isso não é verdade, NÃO são casos isolados os policiais estão sendo executados SIM, infelizmente SIM, e o estado pode até ter o controle da situação mas primeiramente tem que QUERER ter o CONTROLE.

Soube agora que o Supremo Tribunal Federal (STF), teve a brilhante idéia de tirar 15% do salário dos policiais em meio à onda de insegurança em que estão vivendo, tudo bem que a MINHA opinião não vai mudar nada, mas daqui em diante a carta vai ser mais um desabafo.

O senhor tem noção do que é, ver meu pai saindo para trabalhar e deixar todos em casa com o coração na mão, dizer que nos ama muito e ouvir ele falar EU VOU VOLTAR AMANHÃ DE MANHÃ, QUALQUER COISA ME LIGUEM, mas ele fala apenas para nos acalmar, porque ninguém sabe se realmente vai voltar, mais um policial muito menos.

Meu pai sente um orgulho sem tamanho do que faz e nós da família sentimos um orgulho sem tamanho de ver o que ele faz, sem esquecer que faz com ORGULHO, AMOR.

Um dia ele disse para mim que faria o que tivesse ao alcance dele para me ajudar a realizar o meu sonho que é ser Juíza De Direito, mas ele me falou também o seguinte: Minha filha o pai vai sempre estar contigo e te ajudar.

Quem tem uma vida familiar como eu tenho (estar sempre junto da família) sabe o valor que tem essas palavras, aqui enquanto escrevo essa carta, estou com lágrimas nos olhos só de pensar na hipótese que o meu pai se vá enquanto cumpre o seu dever, enquanto protege a família de outros cidadão tendo que deixar a sua em casa.

Obs: Essa é apenas a opinião e o desabafo de uma filha que não agüenta mais ver irmãos de farda de seu pai sendo mortos, e se perguntando SERÁ QUE COM O MEU PAI VAI SER ASSIM.

Texto escrito por Esther Soares, filha de um policial militar.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

cartas de pais orfão de filhos, no transito brasileiro

CARTA DE PAIS ÓRFÃOS DE FILHOS PELA SEGURANÇA NO TRÂNSITO BRASILEIRO
Fernando Diniz*
A perda de um filho é tão antinatural que não há em nossa língua um termo que defina essa situação.
Porém, o paradoxo em nosso país é que, por mais antinatural que seja o trânsito está matando como nunca os nossos jovens.
Para nós, pais, parentes e amigos de vítimas de trânsito, a dor intensa do primeiro momento, aumenta a cada dia. Em primeiro lugar, pela certeza de que não teremos mais nossos jovens juntos de nós. Em segundo lugar, pela constatação cruel de que, pelo descaso e omissão de autoridades e de parcela expressiva da sociedade, novos pais órfãos de filhos juntar-se-ão ao já gigantesco contingente de eternas vítimas da violência do trânsito.
Contudo, dessa indescritível dor, há que tirarmos uma lição. A família, nesse momento, deve continuar firme nos seus propósitos. Permanecer forte e seguir em frente, sem jamais virar as costas para a vida. Não há alternativa para aqueles que são alcançados por tragédias tão marcantes como a perda de um filho de maneira prematura. Nossa missão passa a ser: não desanimar, ser solidário, ter fé e permanecer produtivo… Esse deve ser sempre o nosso lema.
O que aprendemos desta trágica experiência? Podemos garantir que aprendemos, aprendemos muito!
O que modificou em nossas vidas? Muita coisa… É verdade!
E como fica a cabeça dos pais de uma vítima fatal de trânsito? Como fica a família? Já pensaram nisso? Famílias permanentemente enlutadas… Dia dos Pais… Dia das Mães… Natal sem eles… Aniversários… Sonhos e esperanças brutalmente interrompidas… Netos que nunca teremos… Pensaram nisso também?
Se nunca pensaram é porque tiveram a dádiva de não serem alcançados pela tragédia. Entretanto, isso não imuniza ninguém. Sabemos que, é extremamente desconfortável para muitos o assunto “dor”, mas vamos falar um pouco de dor, sim! Não podemos ficar indiferentes à dor de tantas famílias que perdem seus familiares todos os dias em nossas cidades em acidentes e tragédias de trânsito. A verdade é que, não sofremos apenas por perdas decorrentes de tragédias de trânsito, mas sim, por todo o tipo de perda. Então, constatamos a triste realidade da banalização da vida, seja por bala perdida, por violência doméstica e até, por violência verbal que, muitas vezes maltrata e fere mais que uma agressão física. As notícias das mais variadas formas de perdas fatais, entram pelas nossas telinhas todos os dias como fatos corriqueiros e, se perdem entre manchetes de traficantes, políticos corruptos, bandidos, sonegações, guerras, atentados etc., ocupando um espaço que, deveria ser ocupado pela VIDA, ou pelo pleno direito de viver em paz.
O que está acontecendo? A nossa sociedade ficou totalmente insensível? Estão acreditando que tragédias só acontecem com os outros? O que passa pela cabeça de nossos governantes, dos senhores da lei, da própria sociedade organizada para não adotar atitudes firmes e medidas objetivas para combater essa tragédia absolutamente fútil, previsível e, tantas vezes anunciada?
Nosso fardo é pesado, mas encontramos forças para suportar além do nosso, o peso da dor de outros irmãos.
Como vítimas de trânsito, podemos e devemos cobrar respostas daqueles que detém o poder. Reservamo-nos o direito de cobrar das autoridades constituídas, soluções definitivas, respeito e justiça. E, o que temos visto são estatísticas dos acidentes e tragédias de trânsito aumentando todos os anos, frequentemente por culpa de irresponsáveis que, desafiam a lei e os direitos de vida de cada um de nós. A impunidade, a omissão das autoridades, a benevolência da lei e a lentidão da justiça.
Temos a cada ano, milhares de jovens habilitando-se para o trânsito e, sem perceber, alistando-se nessa guerra selvagem onde o inimigo anônimo e disfarçado, pode ser que cruze seu caminho.
“SENHORES, GUERRAS MATAM MENOS QUE O TRÂNSITO”
A pergunta que continuaremos a fazer até que, atitudes sejam tomadas é: Continuaremos a presenciar a morte de nossos filhos como frutos maduros caindo de árvores?
Lembrem-se:
- “A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos”.